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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Feliz Dia do Amor

            Eu era ainda pequena quando ouvi essa palavra pela primeira vez na boca de gente grande. E gente grande é assim: tem mania de querer enfeitar, falar bonito e acaba dificultando tudo. Eles diziam, eu me lembro, que havia no mundo uma força oculta chamada amor. E essa força era tão grande e poderosa que era capaz de mover montanhas e de fazer chorar até o mais forte dos homens. Eu não entendi muito bem o que eles queriam dizer com isso, mas cresci achando que o tal amor deveria ser algo bom.
            Alguns anos depois, ainda no colégio, eu escutei algo que, mesmo ainda não fazendo sentido, me deixou bastante intrigada. Foi na aula de Literatura, cujo professor era uma dos meus prediletos, que eu ouvi pela primeira vez aquela que, posteriormente, se revelaria a mais difícil das verdades: “Já dizia Camões – ele falava – que a amor é o sentimento mais dúbio que existe, porque o amor vai te trazer a maiores felicidades e os sorrisos mais doces, mas também as piores dores e as lágrimas mais amargas.”
            Pois bem, eu cresci. E a vida se encarregou de me mostrar que era exatamente assim que o amor funcionava. E eu me vi indo do extremo da felicidade ao extremo do desespero e tristeza, sem sequer entender porquê. Num dia eu me vi sorrindo sem motivo e pensando que o mundo poderia acabar no instante de um abraço; e, no outro, na agonia de ter que deixar o outro partir, de ter que dizer adeus, de me sentir sem chão e sem vontade até de comer (e olha que eu gosto muito de comer!).
            E neste instante eu senti saudade de mim quando não entendia nada do amor, ou de quando amor pra mim se resumia ao “te amo, papai” e “te amo, mãe”. Eu me senti frustrada e enganada pelos meus próprios sentimentos. Eu me senti a mais estúpida das pessoas, a mais boba das crianças. Eu senti raiva do amor e do amar e cheguei a preferir ter dois cérebros no lugar de um coração pra ver se a vida se tornava um pouco mais racional.

            Hoje eu rio da minha própria inocência. E não, não é porque eu amadureci e aprendi a lidar com as dores do amor – mesmo porque eu acho que contra isso não existe remédio - mas é porque eu aprendi a entender o amor. E eu enxerguei i que o amor é algo muito maior do que o que se costuma chamar de amor e a sua grandiosidade se faz até na sua simplicidade. Porque o amor não complica. Não, pelo contrário. Ele se faz presente e se constrói naquilo que cada um de nós é capaz de amar. E a verdade que ninguém nunca nos contou é que não somos nós quem escolhemos o amor, é o amor quem escolhe a gente. 


MaVi

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