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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Tem Sempre Aquele

Tem sempre aquele que rouba a cena, pelo menos a sua. É sempre ele que, quando chega, todo o resto perde a graça. É sempre ele que faz o mundo andar em câmera lenta, enquanto o seu interior entra em completa convulsão. É perto dele que as pernas tremem, que as mãos suam e que o coração parece querer pular pela boca. É só pensar no sorriso e no perfume dele que você estremece da cabeça aos pés. É pra ele que um simples “oi” se torna a coisa mais difícil de dizer. É só pra ele que você vai pensar duas vezes antes de mandar um "sms" perguntando se tá tudo bem. É ele quem te faz perder o controle; não fosse ele, você disfarçaria bem que é normal. É ele o seu ponto fraco, o seu calcanhar de Aquiles. Foi pensando nele que você passou a noite em claro, ou que deixou de estudar pra prova mais difícil, ou que virou três doses de tequila na balada; e se bobear, eu não duvido, ainda fez as três. São as semelhanças com ele que te chamaram atenção naquele outro. E, mesmo este outro sendo muito melhor que ele, só ele te abraça daquele jeito que você sabe como.
Pois é, tem sempre aquele que, valha muito ou que não valha nada, o coração procura em meio à multidão. 
Sei lá, né, vai entender?! A vida tem dessas.

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MaVi

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Amores Inventados - Estagiária

Pelo modo como reagiu, eu causara nele o mesmo desconforto que ele em mim. O mesmo desconforto, encarado, porém, de formas tão irritantemente distintas, em razão de realidades tão humilhantemente - pelo menos pra mim - distantes. Enquanto eu fazia de tudo pra desviar os olhos dos seus, ele fazia justamente o contrário. E eu queimava por dentro ao sentir que ele lançava um olhar demorado, reparando cada pedaço de mim: desde os cabelos presos pra trás pela tiara de pérolas, passando pelo singelo decote que a camisa social permitia, descendo até minhas unhas mal feitas e a saia barata dessas lojas de departamento, terminando junto ao salto que ele nunca entenderia como se equilibrar sobre. Ele sabia como me deixar sem jeito, como me desarmar. E eu sentia que, no fundo, ele fazia tudo de propósito, como se precisasse descontar em mim a raiva de não controlar o desconcerto que eu também causava nele. Nós mal nos falávamos; eram sempre somente algumas poucas e mal pronunciadas palavras obrigadas, que dizem o necessário, mesmo sem quase nada dizer. Sempre assim: uma guerra de nós quatro; cada qual de nós contra nós mesmos. E todo dia, quando eu fechava a porta atrás de mim, só conseguia pensar no dia a menos que faltava pra completar os dois anos e meio de estagiária que ainda me restavam pela frente. Então respirava livremente pela primeira vez desde que deixara aquela sala, numa mistura de alívio e decepção.

#amoresinventados #estagiária #keeponwriting #escrevaescrevaescreva #omundodemavi