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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Aquele Abraço

Havia algo de diferente naquele abraço, algo peculiar.

Ele cruzou o salão todo em direção a ela. Veio com calma, passos lentos e destino certo. Sabia bem onde queria chegar. Ela, em contrapartida, percebendo a movimentação e o olhar que a perseguia, desviou o seu próprio, fingindo-se alheia a tudo aquilo, mas incapaz de se retirar de cena, como se tentasse, em vão, disfarçar o que no fundo queria. Ele chegou, parou bem em frente a ela. Encurralada, ela elevou o olhar até os olhos que a admiravam fixamente. Aproximou-se sem quebrar o silêncio. Estendeu os braços de encontro aos braços estendidos que a esperavam.

Os dela por baixo, em torno da cintura, a cabeça encostada nos ombros dele, num movimento de quem pede, inconscientemente, proteção. Os dele por cima, em volta dos ombros dela, envolvendo por inteiro aquele pequeno e frágil corpo de menina, como quem oferece, conscientemente, a proteção requisitada. Os dele por cima e os dela por baixo, no sincronismo de um encontro entre bons e velhos conhecidos.

Permaneceram ali, abraçados em silêncio, durante um espaço de tempo suficiente pra que fosse dito entre eles tudo que as palavras não saberiam, nem conseguiriam dizer.

Descruzaram os braços; ela sorriu, ele sorriu de volta. Sem nada dizer, ela desviou novamente o olhar e caminhou na direção oposta à que ele havia surgido, sempre acompanhada do olhar dele, que a esperou ir embora, para ter certeza de que poderia partir também.

Havia algo de diferente naquele abraço: uma saudade reprimida, um eu te amo sufocado, uma história inacabada. Não sei dizer ao certo, mas havia algo de peculiar naquele abraço, pois só braços que se conhecem muito bem se abraçam daquele modo tão especial.

MaVi

#canIhaveahug? #omundodemavi

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